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MELHORAMENTO ANIMAL NO BRASIL: UMA VISÃO CRÍTICA ESPÉCIES AQUÁTICAS

 

INTRODUÇÃO 

Os programas de melhoramento genético, efetuados com animais e plantas, têm sido o alicerce do desenvolvimento agropecuário. O Brasil, detentor de 13% das reservas de água doce do mundo possui um enorme potencial de desenvolvimento para a aqüicultura, particularmente considerando que a maior biodiversidade de peixes de água doce encontra-se no país. Embora existam muitas iniciativas de criação de organismos aquáticos no Brasil, este ocupava uma modesta 19ª posição de produção a nível mundial em 2001 (Borghetti et al., 2003). Dentre as espécies cultivadas para exportação, destacam-se a tilápia (Oreochromis niloticus).

Em se tratando do melhoramento genético de espécies tropicais de peixes, os programas de tilápias e carpas são considerados como referência. Como exemplo mais conhecido, temos a aplicação de métodos de seleção para a tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) pelo World Fish Center (antigo ICLARM) em 1990. As experiências mostram que o melhoramento genético na taxa de crescimento pode proporcionar ganhos de cerca de 15% por geração em programas bem conduzidos (Ponzoni et al. 2005, Ponzoni et al., 2007, Eknath et al., 1993). O fator interveniente que controla as possibilidades de ganho é o intervalo de geração, isto é, o tempo gasto pelas espécies para alcançar a primeira maturação sexual que, nos peixes brasileiros mais cultivados, está entre dois e três anos. Uma das tentativas de melhoramento genético foi desenvolvida com a Hungria, o Instituto de Pesca do Estado de São Paulo e a CODEVASF, na década de 1980, utilizando-se a ginogênese para obtenção de carpas húngaras altamente produtivas "Ginogênese é o desenvolvimento de ovos onde o macho não intervém ativamente".

A introdução da tilápia GIFT (Genetically Improved Farming Tilapia) no Brasil, em 2005, através da Universidade Estadual de Maringá, bem como o treinamento oferecido à época constitui o marco inicial efetivo de melhoramento genético de peixes no Brasil, funcionando a UEM como entidade nucleadora, ao tempo em que será continuado o melhoramento dessa tilápia (lembrando que há ganhos de 15% na taxa de crescimento por geração) e a implementação de programas de melhoramento para o aumento na taxa de crescimento para tambaqui e cachara, através de um programa de pesquisa em rede denominada “Bases tecnológicas para o desenvolvimento sustentável da aqüicultura no Brasil- Aquabrasil”.




MELHORAMENTO GENÉTICO DE PEIXES

Um aspecto de suma importância quando se busca um melhoramento genético para maximizar a produtividade de peixes deve ser a utilização de indivíduos geneticamente superiores que apresentem desempenho superior em condições de ambientes específicas.
Considera-se como desempenho elevado, a superioridade no que se refere à produtividade e sobrevivência por unidade de área em relação a indivíduos outrora utilizados naquelas condições.
Segundo Ponzoni (2006), a implantação e desenvolvimento de programas de melhoramento genético que conduzam a ganhos genéticos expressivos e duradouros são sugeridas na literatura científica, que se atendam aos critérios descritos a seguir. 

  • Descrever o sistema de desenvolvimento ou produção : o programa de melhoramento em peixes deve ser conduzido de forma que tenha semelhança com o ambiente natural que os peixes serão cultivados.
  • Escolha da espécie, variedades e sistemas de cruzamento, aspectos relacionados a quantidade de reprodutores disponíveis, domínio de técnicas de produção e reprodução e conhecer os interesses do mercado consumidor são características de suma importância para se avaliar na escolha da espécie a ser melhorada.
  • Fomentar o objetivo da seleção: definir o que busca ser melhorado num sentido de atender o mercado consumidor. 
O objetivo de seleção está intimamente relacionado com o sistema de produção, pois é importante melhorar características que são relevantes no sistema de produção no qual os animais selecionados serão produzidos;

  • Definição dos critérios de seleção: eleger características que serão usadas para definir o mérito genético dos animais, sua "evolução". Estas características devem ser de fácil mensuração e estar diretamente ligada com o objetivo da seleção do programa de melhoramento.
  • Delineamento do sistema de avaliação genética: definição da metodologia empregada na determinação do mérito genético dos animais a partir dos dados coletados. 
  •  Seleção dos animais e definição do sistema de acasalamento: determinar os indivíduos que terão prioridade no acasalamento.O acasalamento dos animais selecionados deve ser conduzido de forma que haja aumento no desempenho médio da nova população, manutenção de variabilidade genética e dos ganhos genéticos durante várias gerações e controle do incremento de consanguinidade;
  • Desenho do sistema para expansão e disseminação dos estoques melhorados: deve permitir a chegada dos animais geneticamente superiores de forma rápida ao setor produtivo, intensificando o fluxo gênico entre os diferentes componentes do setor produtivo (Núcleo, Multiplicadores e Produtores);
  • Monitoramento e comparação de programas alternativos: estabelecer um sistema de avaliação do programa, de maneira que permita a checagem dos resultados, conduzindo a mudanças nos rumos, se necessário. Este procedimento é feito comparando-se o desempenho das progênies dos animais selecionados com a progênie de animais com desempenho médio utilizados como população controle. A diferença no desempenho indicará a resposta à seleção obtida na geração anterior


CONCLUSÃO

Os programas de melhoramento devem considerar a existência de diversos sistemas de produção e condições de manejo, as diferentes exigências de mercado para determinar quais são os objetivos de seleção e a forma como estes objetivos serão alcançados (características alvo).




Referência: de Resende, Emiko Kawakami, et al. "Melhoramento animal no Brasil: uma visão crítica espécies aquáticas." Embrapa Meio-Norte-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO ANIMAL, 8., 2010, Maringá. Melhoramento animal no Brasil: uma visão crítica: palestras. Maringá: SBMA, 2010., 2010.




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