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MELHORAMENTO GENÉTICO DE TILÁPIAS

Melhoramento genético de tilápias no Brasil 

Introdução da tilápia no brasil 

          Um dos peixes mais cultivados no mundo é a tilápia (Oreochromis sp.). Sua produção mundial já ultrapassou 2 milhões de toneladas, tendo sido a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) responsável pela oferta de 1,7 milhão de toneladas em 2005.
          No início da década de 70 do século passado foi realizada a primeira introdução oficial de tilápias do Nilo no Brasil. Foi trazido um número reduzido de exemplares provenientes de Bouaké, Costa do Marfim – África e introduzidas em Pentecostes, no Ceará, no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS. As peculiaridades reprodutivas das tilápias aliada às dificuldades de evitar os acasalamentos entre indivíduos aparentados podem ter conduzido a reduções drásticas da variabilidade genética, ocasionando redução no desempenho e elevação da ocorrência de anomalias genéticas.

          No final do século passado, em 1996, foi realizada a segunda importação oficial para o estado do Paraná, de 20.800 alevinos de tilápias do Nilo, procedentes da Tailândia. No início desse século, nos anos de 2002 e 2005 duas linhagens foram introduzidas resultante do programa de melhoramento, a tilápia GenoMar Supreme (GST), produzida por uma empresa Norueguesa – GENOMAR e introduzida no Brasil pela piscicultura Aquabel e a tilápia GIFT (Genetically Improved Farmed Tilápia) - originária da Malasia, desenvolvida inicialmente pelo ICLARM (International Center for Living Aquatic Resources Management), atual WorldFish Center. Linhagens essas que são resultantes do cruzamento de oito linhagens, sendo que metade dessas sendo de linhagens africanas selvagens e a outra de linhagens domesticadas da Ásia, no entanto, a partir de 1999 os procedimentos de melhoramento ocorreram de maneira independente. 

Melhoramento genético de tilápias do Nilo no Brasil

          As ações de melhoramento genético de tilápias, são, em sua maioria, calcadas na introdução do material genético, cruzamentos tanto inter quanto intra-específicos e seleção fenotípica. Contudo, a partir do convênio feito entre a  Universidade Estadual de Maringá e o WorldFish Center, com o apoio da SEAP – Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, atual Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA), na qual se iniciou o programa de melhoramento em Maringá-PR em 2005 pela transferência de 30 famílias da linhagem GIFT de Tilápia-do-Nilo. E esse programa então visa pelo foco de seleção a taxa de crescimento, que é medida a partir do ganho médio diário. No entanto, características como medidas corporais e mortalidade á idade comercial tem sido coletadas a fim de incrementar o número de informações por animal.
          Bom, dentro desse cenário, observamos o quanto o melhoramento genético voltado ás tilápias do nilo tem crescido e evoluído ao longo dos anos, com resultados expressíveis para certas caracteristicas como por exemplo o ganho de peso ao final do crescimento e qualidade das epécies. O melhoramento genético desta espécie foi incluído no projeto de " Melhoramento de espécies aquícolas no Brasil ", sendo componente da rede Aquabrasil - promovendo o melhoramento de espécies aquáticas no Brasil e entregando os indivíduos que já possuem a genética superior para a entrega aos produtores. E como resultados dessa seleção, além da comercialização para alevinocultores no país, está sendo criado núcleo satélites que estão proporcionando a transferência de reprodutores para diversas cidades, devendo, de acordo com a seleção do programa de melhoramento genético, evitar ao máximo a endogamia permitindo maior ganho genético nas diferentes gerações.
          Nesse sentido, o que se busca então dentro dos programas de melhoramento genético voltado ás tilápias são os sistemas de cultivo, uma vez que isso influencia bastante também, como por exemplo viveiros, tanques rede, entre outros. Os locais de cultivo, visto que o clima também irá influenciar em suma e qualidades da água, é interessante que tenhamos águas em temperatura ambiente; e o outro pilar que é as condições mercadológicas para os criadores - exigências, tendo em palta os alevinocultores, engordadores, o processamento e os consumidores. Então é importante que se tenha, dentro de cada umas dessas etapas, as eficiências requeridas para cada etapa da cadeia produtiva de tilápias. Todos os fatores mencionados estão ligados á boas práticas de manejo dentro do melhoramento.

Perspectivas do melhoramento genético de tilápias no Brasil

             Devido as grandes variedades de sistemas de produção onde são cultivadas as tilápias hoje no Brasil, estudos tem sido feitos a fim de observar melhores locais para ganhos no desenvolvimento das mesmas pela interação genótipo-ambiente, permitindo a seleção de genótipos superiores para as condições ambientais específicas.
          A existência de produtores de tilápias em quase todos os estados brasileiros passando pelas mais variadas condições de clima aponta para a necessidade de estudos e possivelmente de linhagens específicas para as diferentes regiões. Assim, as demandas específicas de mercado e as diferentes condições de produção poderão conduzir à linhagnes melhoradas de tilápias onde as caracteristicas  de ganho de peso esteja associada a carcacteristicas de rendimento de corte e qualidade da carne, com algumas relacionadas a mortalidade, resistência á doenças e tolerâncias a condições adversas de cultivo, bem como aos aspectos reprodutivos e maturidade sexual.
       Ainda nesse contexto, devemos dizer que devido ao curto ciclo de produção, seu rápido crescimento,  precocidade sexual, a facilidade com que esses peixes se reproduzem em cativeiro, os investimentos do melhoramento genético de tilápias poderão ganhar novas perpectivas para informações tecnico-científicas gerando melhores reultados para o sistema produtivo que auxiliarão á conduzir os incrementos de produtividade. Isso vai depender de alguns fatores e condições impostas ás diferentes regiões do país, mas que com certeza a criação de tilápias dentro do cenário brasileiro, terá uma nova visão mercadológica em razão dos aprimoramentos que vem sendo feitos ao melhoramento desses animais.




Ganhos genéticos e resultados 

       Nesse programa de melhoramento, o que se objetivou pela seleção foi aumentar a taxa de crescimento, sendo imprescindível para isso, utilizar o critério de seleção de ganho médio diário; no entanto, outros incrementos que foram feitos como medidas corporais e mortalidade a idade comercial com o intuito então de acrescentar maiores informações por animal.
          Às análises após 4 anos de acasalmentos, pelo programa de melhormamento genético da UEM, já apresenta resultados importantes dentro da pesquisa. Para características de ganho em peso diário e peso vivo, houve aumentos nos ganhos genéticos ao longo dos anos de seleção, com taxas anuais de mudanças 0,053 gramas/dia 13,66 gramas/período de cultivo. Com estes valores obtidos, os ganhos anuais são cerca de 4% para ambas as carcteristica sendos os ganhos genéticos acumulados de ordem de 28%, tendo uma diferença de 18% na última geração em relação á anterior, conforme observamos na fugura abaixo:




          Outro ponto que é importante salientarmos é com relação às carcacteristicas de carcaça, que foram bastantes evidentes. A seleção para ganho em peso diário tem afetado positivamente outras características de desempenho e de interesse econômico. Observou-se aumento do corpo do animal descontados os comprimentos de cabeça e cauda, sem alteração da participação do comprimento da cabeça no comprimento total. Outros resultados indicaram tendência genética positiva (comportamento crescente dos valores genéticos aditivos em função do tempo) para comprimento do animal, descontados a cauda e cabeça, indicando aumento da qualidade genética dos animais ao longo das gerações.


Variáveis a serem consideradas em melhoramento genéticode peixes


       Quando se pensa em melhoramento genético clássico, isto é, a utilização de metodologias de cruzamentos e seleção, são exemplos de sucesso de animais terrestre os bovinos, suínos e aves. Algumas terminologias utilizadas para animais terrestres não são usuais para aquicultura.Temos visto que a utilização de termos como linhagem vem sendo bastante utilizada para alguma espécie que se tenha passado por algum tipo de programa de seleção. Contudo, em genética esta terminologia não está correta, visto que o termo linhagem deve ser entendido como “grupo de indivíduos idênticos (homozigóticos) obtidos por sucessivas autofecundações (vegetais), acasalamento entre indivíduos aparentados (animais isogênicos) ou mesmo por ginogênese (peixes)”.
          No contexto da produção animal, a utilização do termo raça é mais usual pois define um “grupo de animais de uma mesma espécie com características comuns e, em alguma medida, diferentes de outros indivíduos da mesma espécie e que são capazes de transmitir essas mesmas características
aos seus descendentes. 
          A EMBRAPA coordena o projeto AQUABRASIL, que objetiva contribuir para a melhoria da cadeia produtiva da aquicultura no Brasil. E uma das metas que esse programa visa, juntamente com universidades, empresas privadas entre outros, é estabelecer programas de melhoramento genético para o desenvolvimento de quatro espécies diferentes para a aquicultura, que é: tilápia (O. niloticus),
tambaqui (C. macropomum), pintado (P. corruscan) e camarão marinho (Litopenaues vannamei) (Resende, 2009). A metodologia proposta para o melhoramento genético pressupõe um ganho na taxa de crescimento de 15% a cada geração melhorada e a transferência imediata dessas gerações melhoradas para a produção de alevinos por parte dos produtores.
          A liderança da EMBRAPA no melhoramento genético de peixes, principalemente, pode contribuir significativamente para raças melhoradas e, com isso, produzir híbridos interespecíficos como uma forma mais rápida de se promover o melhoramento genético. A produção de híbridos no Brasil se tornou nas últimas décadas a forma mais usual de se obter material genético mais produtivo. O objetivo dessa técnica de melhoramento é encontrar combinações genéticas, no caso, entre diferentes espécies que produzam caracteristicas fenotípicas geneticamente superiores ao parenterais, isto é, descendentes que exibam vigor de híbrido. 


Caracteristicas comerciais e cruzamentos 

        Em 2005, o Brasil foi o 6º maior produtor de tilápia cultivada no mundo neste ano, aumentando sua produção de 35, em 2001, para 68 mil toneladas, em 2005 (Kubitza, 2007). A espécie O. Niloticus é a mais utilizada nos cultivos comerciais. E isso se deve a sua rusticidade, ao seu rápido crescimento, ótima qualidade da carne e ótima aceitação no mercado consumidor. 
          Algumas caracteristicas de reprodução, que levam á um programa de melhoramento genético, como alta profilicidade, maturidade sexual precoce, fecundidade relativa elevada e desova frequente (parcelada), são alguma das entraves a serem enfrentadas pelos psicultores na engorda. A tilápia vai atingir sua maturidade sexual quando estiver com cerca de 40 g, sendo que muitas vezes ocorrre em menos de seis meses, antes de atingir o peso comercial (em média 500 g).  Esta característica pode provocar superpopulação (Mair et al., 1995), estender o tempo de engorda, aumentar a variação de peso do lote na despesca, reduzir a parcela de animais com peso comercial (Arai, 2001;Beardmore et al., 2001) e promover maior gasto com a alimentação, o maior custo variável da produção (Herbst, 2002). Desta forma, o controle reprodutivo é um dos maiores desafios na tilapicultura. 




          Neste sentido, pesquisas vêm sendo realizadas para desenvolver técnicas de prevenção de desovas de tilápias. A prática mais utilizada é a criação de populações monossexo de machos, uma vez que estes apresentam melhor desempenho zootécnico que as fêmeas (Phelps e Popma, 2000; Herbst, 2002). E nesse contexto, observamos que para a produção desse monosexo, tem sido utilizado os cruzamento entre (O. Niloticus x Oreochromis hornorum) (Wohlfarth & Hulata, 1983) ou para a produção de variedades mais resistentes á águas salobras, como por exemplo (O. Niloticus x Oreochromis mossambicus) (Macaranas et al., 1986). Populações essas que podem ser obtidas pelo método de sexagem manual, hibridização, inverssão sexual ou pelo uso de reprodutres supermacho (YY).



Determinação e diferenciação sexual

          Segundo Piferrer (2001), os peixes podem ser classificados como: gonocóricos (os sexos ocorrem separadamente nos indivíduos), hermafroditas (ambos os sexos estão presentes no mesmo indivíduo) e unissexuados (espécies em que ocorre apenas o sexo feminino ou apenas o masculino).              A diferenciação sexual pode ser feita de três tipos: cromossômica, poligênica e interação genótipoambiente (Piferrer, 2001). A primeira é carcaterizada pela presença de cromossomos sexuais que comportam maior parte dos genes responsáveis pela determinação do sexo. Poucas espécies de peixes, como os gonocóricos apresentam esse tipo de determinação.  Das que apresentam, como a tilápia do Nilo, o sistema mais comum é o XX/XY. Outras espécies de tilápias, apesar da proximidade filogenética, como a Oreochromis hornorum e a O. aureus, têm seus sexos determinados pelo sistema ZZ/ZW. Nestas espécies, o sexo heterogamético é a fêmea (ZW), e não o macho (ZZ), assim como acontece no sistema anterior. E a diversidade entre as espécies de peixes é tão grande, que outros seis sistemas de cromossomos já foram propostos, inclusive com mais de dois cromossomos sexuais envolvidos. 
          Na determinação sexual poligênica, não existem cromossomos sexuais que comportam os genes ou o gene de importância na definição do sexo, e sim um número indeterminado de genes espalhados em cromossomos autossômicos (Piferrer, 2001). A espécie surubim Pseudoplatystoma coruscans é uma representante desse grupo. Aparentemente, na tilápia do nilo, genes autossômicos devem contribuir para a determinação sexual provocando diferenças da progênie significativamente desviantes do esperado - de 1:1. (Ezaz et al., 2004; Desprez et al., 2006). Quando o sexo é determinado pela interação genótipo ambiente, diferentes temperaturas, fotoperíodo, salinidade e densidade de estocagem podem definir o sexo da prole no momento da educação dos ovos e larvicultura, mesmo já existindo uma composição genética indicativa (Piferrer, 2001; Borges, 2004).


Conclusões 

          O melhoramento genético de peixes tem se intesificado cada vez mais, especialmente quando se fala em melhoramento de tilápias, levando os alevinocultores e aquicultores á produzirem cada vez mais genótipos de ótima qualidade dentro do sistema produtivo, permitindo, assim, maior desenvolvimento das espécies cultivadas, com maior aceitabilidade no mercado consumidor e consequentemente obtendo-se um lucro amior em cima da podução de tilápias; além de fenótipos que entregam maior visibilidade no cenário, através dos cruzementos feitos, selecionando-se, grupos com capacidade genética superior. 



Referências:

TURRA, E. M. et al. Controle reprodutivo em tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) por meio de manipulações sexuais e cromossômicas. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 34, n. 1, p. 21-28, 2010.











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